segunda-feira, 11 de junho de 2007

Pena de Urubú



Pena de Urubú
Nelim Monti

Vida cheia de encanto e mistério.
Nos doces embalos da rede ouvia os murmúrios do vento na farfalhar das folhas.
Seus ouvidos sempre atentos.

Suas armas, arco e flecha eram rápidos, como seu olhar.
Usava urucum e pau Brasil para embelezar.
O amor a liberdade, os banhos nos lagos, os verdes mares, que brilhavam como esmeralda líquida os raios do grande sol,tudo desvaneceu...

Em o canto da jandaia, ela não ouve mais.
A mata, o mundo em que vive, virou deserto frio cercado limitado.
Já não pode mais caçar...

Os dias são longos e as noites sem amanhã.
Quando a grande sombra vai descendo a tristeza cobre a fronte da Pequena Pena de Urubu.
Sabe que não mais terá taba e ficará sem os seus.

Cada amanhecer, a luz da manhã termina com os sonhos da noite, ficando apenas o perfume da flor que o vento da madrugada levou.
Nesse momento o lábio arranca d'alma um longo gemido...

Sente que não mais faz parte da terra onde nasceu.
Sabe que não tem mais terra. Não tem mais nada.
O que restou foi à história de um povo, os verdadeiros dono da terra, que ficou sem terra.
Pena de Urubu
(Homenagem aos verdadeiros donos da terra)




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