segunda-feira, 23 de julho de 2007

Um Ausente.



Um Ausente.
Carlos Drummond de Andrade.
Tenho razão de sentir saudade tenho razão de te acusar.
Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade, sem prazo, sem consulta; sem provocação, até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Antecipaste a hora.Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas.
Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em is, o ato que não ousamos nem sabemos ousar...

Porque depois dele não há nada?
Tenho razão para sentir saudade de it, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais, que eram sempre certeza e segurança.

Sim, tenho saudades.
Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste.


A Dança Dos Anjos


A Dança Dos Anjos
Márcia Antunes

Uma noite olhei para o céu e vi as estrelas a brilhar.
Mas tinham um brilho triste...
Nessa altura, surge um anjo vindo de uma constelação.

Esse anjo chorava.
Perguntei-lhe a razão e ele disse-me que protegia alguém que nem olhava para o céu...
Olhei melhor e reparei em milhões de anjos que lá se encontravam.

Todos tão lindos...
Tão mágicos...
Tão misteriosamente frágeis...

Todos com cabelos de prata, olhos de safira e asas de cristal...
Majestosos, imponentes, mas doces, meigos e carentes.
Os seus olhares penetrantes penetraram minha alma, percorreram meu corpo, levaram a minha mente.

Lindos...
Eles estavam lindos...
Mas sós...

Eles estavam tão sós...
O que fazer para dar um pouco de felicidade a seres tão especiais, que pareciam ter toda a felicidade existente?
Um olhar, um sorriso, um aceno, um obrigado...

Só isso?!
Perguntei.
Sim, é o que é preciso para que os anjos dancem e voltem a viver e brilhar no seu esplendor...

Nessa altura sorri, olhei, acenei, agradeci e vi a festa dos anjos nas estrelas...
Um baile de magia em tons de prata...
Dancei com todos os anjos...

A partir dessa noite, olho para o céu e procuro os anjos...
Anjos...
Almas lindas, meigas, suaves e deliciosamente puras...

Anjos...
Aqueles olhares sorridentes de quem apenas querem um carinho...
Anjos...
Aqueles que temos no céu e na terra...

Anjos...
Amigos...
Esses seres que estão sempre por perto...
Anjos...
Belos anjos...


Lua e Sol



Lua e Sol
Tânia Sueli Oliveira

Amo olhar o céu estrelado porque nele verei a solitária Lua que é como eu, que encanta, mas que vive tão sozinha.
Imagino, fantasio, sonho, com você à luz da Lua!
Infelizmente, você está muito distante, no caminho em que procuro por você.

Tento apressar meus passos, mas não consigo chegar até você.
Nem podemos nos tocar, porque, como o Sol e a Lua, um eclipse selaria nosso encontro, neste momento de nosso louco amor.

Lua e Sol irão sempre se amar, mas à distância, só desejar, sonhar.
Sofro, mas sei que vai me alcançar, pegará em minhas mãos e caminharemos juntos, meu sol!
Marília.
SP / Brasil


Sonhando quem te sonha


Sonhando quem te sonha
Luiz Poeta

Se o brilho do olhar que te deseja é como um punhal que te assassina e a boca solitária que te beija não beija tua boca...
Te domina...

Melhor é que o amor que te proteja reveja a tua própria fantasia porque, se a alma se vai e o corpo arqueja, a dor da solidão se evidencia.

Se a ânsia, de ter-te é como a espuma que fica sobre a areia e depois some, o amor é barco sem força nenhumaque o mar aos poucos traga e consome.

Então, para que a angústia do teu peito, não mate teu amor nem te revolte, transforma esse teu pranto liquefeitonum sonho nebuloso que se solte.

E voe no beijo mais cativante que dance em tua boca e te reponha a essência do amor que há nesse amante que ama o teu amor...
Quando te sonha.


Mal grado, as minhas mãos...



Mal grado, as minhas mãos...
Eugénio de Sá.

Por detrás destas mãos, houve vontade hoje, sem ela, não têm expressão que lhes dê corpo e gesto de verdade,pois sem vontade não há emoção.

Estas mãos que aqui vês, são somente matéria sem nervos e sem força ou movimento são as extremidades da miséria desta alma que as manda sem alento.

Daí, que as minhas mãos hoje não sejam mais do que úteis amparos deste corpo que oram juntas enquanto o fim almejam .

E quando, enfim, cruzadas sobre o peito me acompanharem no sono derradeiro que eu encontre o perdão nesse meu jeito.












































































































































































































Onde se Oculta o Pai?


Onde se Oculta o Pai?
S.Bernardelli

Quando minha alma cansada for para baixo...
O que ela encontrará no porto final de onde não partiremos mais?
O que será desse meu coração que carrega tantos problemas...?
Que navega no mundo e que jamais cansou nem os mais cansados...?

Nessas horas, nossas almas são como órfãos cuja mãe morre ao dar luz...
Ainda eu espero no silêncio o pai Magnânimo vir se sentar por algum tempo ao meu lado...

Que "Ele" venha levantar-me e que eu posso estar sobre as montanhas;
Que "Ele" venha levantar-me para que eu possa andar em mares tormentoso...

Eu serei forte, pois eu sei, que quando nos encontrarmos...
Mostrará-me que posso ser...
Mais do que eu sou...

Mostrará-me que o segredo da sua paternidade esta além do túmulo aonde todos...
Um dia iremos até lá para conhecê-lo...
10/07/2007


Os girassóis e eu


Os girassóis e eu
Tere Penhabe

Rompeu-se a manhã cheia de promessas o sol, inebriante, a fazer grande festa pousando no coração de uma flor especial o amor, que voltava com força total...

Seguindo os passos da flor valente que no seu heliotropismo encara o sol, encaro a vida, contando com a mesma sorte de sentir frutificar-se em mim, novo amor...

Do alto da minha corajosa esperança vejo o mundo no seu repetitivo cotidiano, mas o sol, meu cúmplice e meu mano segreda-me que nada mais será como antes.

Porque mudar a vida, só depende de nós!
Precisamos ter, como o girassol à ousadia de se abrir e encarar o sol crendo que merece seus raios mágicos...
Depois...
Depois é sair caminhando nem precisa ser mais que lentamente basta irmos confiantes, sempre alegremente e brilhará o sol, para nós, e para o girassol!
Santos.
12.07.2007
www.amoremversoeprosa.com


Sonhando A Vida.


Sonhando A Vida.
Jorge Humberto

Como este pinheiro bravo, onde me sento, natureza espargindo o imenso firmamento.Assim os ébrios céus, no calor da tardinha em rituais de azuis na noite que se avizinha.
Ao longe o mar se afiguram estreito e difuso, subindo fráguas em movimento confuso como o retrato que ora emoldura a praia, em movimentos bêbados numa roda de saia.

É pau, é pedra, cápsula lunar, sonda espacial maquineta de outros tempos, velas e bornal, espadachim, foguete, onda média, televisão, bomba de neutrões, luneta, radiodifusão.

Ah, se eles soubessem, o que é sonhar aqui, não teriam principio nem meio nem fim, quando o sonho entrasse pelos olhos adentro, como este pinheiro bravo onde me sento.
14/07/07



Tatuagens.



Tatuagens em meu corpo formas de nossas alianças.Um amor cativo em lembranças numa hospedagem, tal um porto.
Trago-as em linda estória um campo de flores em véus que me encaminha aos céus tendo-as guardadas na memória.

Pássaro de asas e de amor trazes nas penas, esperanças!
Retratam cores, leve multicor.
Asas tatuadas em tons grafite impregnando no corpo, doce mel!
Bordando homenagens a Nefertite.




Posso Pedir?



Posso Pedir?
Elizabeth Assad

Que na madrugada fria, se entregue em meus braços, porque são seus, meus desejos e sonhos.
Posso pedir?...
Que diante da lua, nossos lábios se toquem, nossas mãos se entrelacem.

Posso pedir?...
Que no silêncio da noite, troquemos juras de amor até o amanhecer.
07/10/06




Ainda Te Quero



Ainda Te Quero
Lucia Trigueiro.

Por mais que eu queira perder a sensibilidade faculdade da memória ainda manifesta forte afeição em consonância com o gosto no desejo a tua procura.
Tempo presente que não esquece o passado.
Esforço-me para não ouvir com clareza palavras jamais esquecidas momentos excessivos de emoções esplendor na mais pura paixão onde cada, intervalo ou acorde agradável como duas notas soando simultaneamente com predominância de intervalo entre alegria e sentimento.

Ainda tenho convicção fundada em teus méritos na forma de amar capacidade adquirida através da tua experiência lembrança duradoura, onde meu coração sente o pulsar sou sensível deixando-me impressionar por meio da arte qualidade ou poder do teu fascínio.
Até quando?
Esse sentimento irá adentrar em meu Ser?


A Saga do Poema


A Saga do Poema
Sylvia Cohin

Na saga de um poema há mil discursos que se escondem na rima entontecida, que acompanha a palavra e seus percursose no sonho navega embevecida!

Na saga percorrida entre soluços, no esgar de uma alegria, desmedida, a imagem do poeta e seus recursos cantando solitário a própria vida...
O descrever no tempo toda história, deixar em versos o que não se apaga, tecendo em pergaminho dor e glória, é manter vivo o que já foi presente e o tempo quer matar com sua adaga; mas o Poeta insiste e não consente!
Porto.
09.07.2007


Deixa-me sonhar


Deixa-me sonhar
S.Bernardelli

Quero pousar em uma estrela e seguir você onde for.
Quero passear sobre o arco - íris e esquecer minha dor de amor...
Meu pobre coração tem sido assim escuro desde que você se foi...
Espero-te como uma flor que espera pela luz, como o deserto que espera pela chuva...

Eu caminho para o horizonte para ver se eu lhe encontro lá...
E se eu lhe encontrar iremos para qualquer lugar...
Subiremos lua acima, andaremos sobre os oceanos...
Pedirei para as estrelas selarem nossas vidas...

Fecharemos nossos olhos, deixaremos a chuva cair sobre nossos corpos.
Eu te amarei e você me amará...
Seremos um só, sem ter medo para...
Amar, Amar...
Somente Amar...
14/07/2007


Força Misteriosa



Força Misteriosa
José Antonio Jacob

O que acontece em mim quando a ti escrevo não sei dizer-te amor: sinto que não!
E tu achas que não posso e que não devo escrever-te tais versos de paixão.
É tão difícil amar uma ilusão, é por isto que te amar eu me atrevo!

E te amo mais, e mais o teu enlevo encanta-me a pobre alma e o coração.
O que será de mim daqui por diante?
Se eu sei que tudo em ti é despedida e que tu andas perto e andas distante.
Devo estar doido, minha flor querida!
O teu olhar deixou-me delirante e agora o que vai ser da minha vida?

Ponderação.


Ponderação.
S.Bernardelli


Anos se passaram e, hoje mais velho avalio o tempo, e vi que joguei mal tantas coisas que eu vivi...
Durante noite sem contar meus dias que fugiram ao tempo, fiz muitos projetos que
permaneceram no ar no qual estabeleci esperanças, esperanças que voaram...

Afastado eu permaneço perdido, não sabendo aonde ir...
Os meus olhos procuram o céu que a cor foi colocada fora da terra...
Meu proceder fez com que o meu inconsciente combinasse o passado com o futuro...

Sucedi uma conversação comigo mesmo entregando minha opinião tão somente a criticar-me por ter desperdiçado horas fazendo loucuras que não me resultaram nenhum saldo positivo...
Foi preciso alguns enrugamentos para superar o medo, os problemas, os amores que se perderam, os amigos que não retornam por minha falhas...

Deixei uma cavidade em torno de mim por ter desperdiçado o que foi realmente importante...
Eu joguei mal com a vida...
Os maus anos foram congelados e solidificados...
Ganhei experiência não deixando congelar nem solidificar o meu melhor sorriso e a força do meu amor...
14/07/2007



Diga, querido... O que restou?


Diga, querido... O que restou?
Ciducha.
Que tempo é este tão estranho, escuro que rouba da minha vista o brilho dos teus olhos?
Onde está, querido, o ideal que nortearam os nossos dias?
Que é feito do teu vício de crer em mim e não resistir ao meu (nosso) amor?

Que restou do nosso projeto de vida?Querido, deixa renascer o sol na manhã do teu e nosso tempo refazer-se o tempo dos nossos sonhos renascer nossas esperanças!...

Deixa, querido, que o amor tome cômodo no teu peito, que eu amo tanto definitivo e findo em si mesmo ou diga-me...
O que restou?
14/07/2007


Só quero um tempo...


Só quero um tempo...
José Antonio Siqueira.
Garimpando Ternura.
Só quero um tempo...
Quero um tempo entregue ao vento, flutuando sem rumo num céu aberto.
Quero na vida encontrar um alento, da felicidade que esteve tão perto.
Encontrar um alento, entregue ao vento, da tal felicidade que, em sorriso aberto, desfrutei na ventura de curtos momentos,longe no tempo, nunca esteve tão perto.
Já vai longe o tempo em que da felicidade, senti leve toque, nunca a tive mais perto.
Restou-me a amargura na dor da saudade, o sofrer de minh'alma em ardente deserto.
Tênues lembranças de lindos momentos perduram no tempo, na dor da saudade.
Longo é o tempo para o esquecimento, de tão curtos momentos de felicidade.


Sinto Vergonha de Mim


Sinto Vergonha de Mim
Cleide Canton

Sinto vergonha de mim por ter sido educador de parte desse povo, por ter batalhado sempre pela justiça, por compactuar com a honestidade, por primar pela verdade e por ver este povo já chamado varonil enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim por ter feito parte de uma era que lutou pela democracia, pela liberdade de ser e ter que entregar aos meus filhos, simples e abominávelmente, a derrota das virtudes pelos vícios, a ausência da sensatez no julgamento da verdade, a negligência com a família, célula-mater da sociedade, a demasiada preocupação com o “eu” feliz a qualquer custo, buscando a tal “felicidade” em caminhos eivados de desrespeito para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim pela passividade em ouvir, sem despejar meu verbo, a tantas desculpas ditadas pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade para reconhecer um erro cometido, a tantos “floreios” para justificar atos criminosos, a tanta relutância em esquecer a antiga posição de sempre “contestar”, voltar atrás e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim, pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos que não quero percorrer… Tenho vergonha da minha impotência, da minha falta de garra, das minhas desilusões e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir, pois amo este meu chão, vibro ao ouvir meu Hino e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor ou enrolar meu corpo na pecaminosa manifestação de nacionalidade.
Ao lado da vergonha de mim, tenho tanta pena de ti, povo brasileiro!

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.



Nota:

"Sinto Vergonha De Mim" não é da autoria de Rui Barbosa. Fazendo várias pesquisas na Web encontrei esse título em vários sites e blogs tendo como autor Rui Barbosa, de fato esse poema de Cleide Canton é muito lindo...

Como da mesma forma que aconteceu com a amiga poeta, Cristiana Passinato com seu lindo poema "Preciso de Alguém" que muitos repassam com a autoria de Charles Chaplin e da outra poeta Renata Villela com o poema "Deficiências" e corre ainda como sendo o autor Mário Quintana
, assim como tantos outros...

Em meios aos discursos de Rui Barbosa ele colocava palavras profundamente tocantes como esse discurso em sua célebre Oração aos Moços...

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto. Teria perdido a fé? O próprio Cristo não parece tê-la perdido quando, no auge da angústia, esvaindo-se na cruz, exclamou: Pai, Pai, por que tu me abandonaste? Todavia, a fé de Cristo sobreviveu a Ele, e eternizou-se no Evangelho".

O fato é, que Cleide Canton utilizou umas das frases de Rui Barbosa como sendo o complemento de seu poema sem plagiá-lo. No todo, como se podem ver as palavras completas de Rui Barbosa não tem nada haver com o poema Cleide Canton.

Os trabalhos de Cleide Canton e seu perfil podem ser visto no site: http://www.paginapoeticadecleidecanton.com/perfilcleide.htm



O valor da amizade




O valor da amizade
S.Bernardelli


Você já parou para pensar sobre o valor da amizade?Às vezes nos encontramos preocupados, ansiosos, em volta há situações complicadas, nos sentindo meio que perdidos, mas somente o fato de conversarmos com um amigo, desabafando o que nos está no íntimo, já nos faz sentir melhor, mesmo que as coisas permaneçam inalteradas.

Quantas vezes são os amigos que nos fazem sorrir quando temos vontade de chorar, sua simples presença nos traz de volta o brilho da vida.

A simplicidade das brincadeiras pueris, a conversa informal naqueles momentos de descontração, uma conversa rápida ao telefone, no vai e vem do dia ou da noite, no bate–papo pela Internet, no ambiente do trabalho ou da escola, enfim, em qualquer lugar a qualquer hora.

Entretanto, não existe só alegria, amor, felicidade nesta relação, ela é como qualquer outro relacionamento que passa por crises passageiras, por momentos intempestivos, abalos ocasionais.

Ainda que tenhamos muito carinho pelo amigo em questão, às vezes por insegurança, por ciúmes, por estarmos emocionalmente alterados ou nos sentindo pressionados, acabamos às vezes sendo injustos com eles e isso pode ser recíproco.

Podemos comparar esse elo de amizade como o “tempo” que passa por alterações climáticas constantemente, mas é dessa forma que aprendemos a nos conhecer, compartilhando momentos é que se desenvolve uma amizade.

Diante do amigo somos nós mesmos, deixamos vir à tona nossos pensamentos a respeito das coisas, da vida, nos mostramos como verdadeiramente somos.

Há amigos que nos ensinam muito, nos fazem enxergar situações que às vezes não percebemos o seu real sentido, compartilham a suas experiência conosco,nos falam usando da verdade que buscamos encontrar.

Ao longo da nossa vida muitos amigos passam por nós, e nos deixam saudades, mas também deixam as recordações de
tudo que foi vivido.

Amigos são irmãos que a vida nos deu para caminhar conosco ao longo da nossa jornada espiritual, extrapolando os limites do tempo, continuando quando e onde Deus assim o permitir.
19/06/2005


Amargura da alma



Amargura da alma
Maria Nogueira Martinelli - (Sapeka)
Não foi só a mim que a sua palavra feriu.
Nos versos tristes e desprovidos de amor a amargura arrancada dos olhos que viu toda a feiúra exposta na tirania da dor.
Também feriu sua alma que vaga aflita que busca cansada o consolo de ouvir a esperança de sonhos de paz e acreditano coração dessa fé de um novo porvir.
E nessa mágoa que insiste em declamar a cada verso de lágrima que dita rancor.
Faz sofrer quem teima querendo te amar e sua alma esquecida num canto da dor.
http://www.sapekapoesias.com.br/


"Você".


"Você".
JG de Araújo Jorge.
Hoje sinto-me só, neste abandono que põe na alma da gente um não sei quê...
Para dentro dos olhos vejo o outono, paisagem cor de cinza e esse ar de sonoque em plena primavera ninguém vê...

Não é tristeza propriamente: é esplim; nem sei se é esplim: é um sentimento vago; hoje sinto-me só, sinto-me assim como a flor que lá fora no jardim a aragem dipétala num afago...
Finíssima neblina há no meu Ser e em minha alma tristíssima faz frio,se lá fora há calor, e ouço o prazercantando na alegria de viver, por que no meu destino esse vazio?

Hoje sinto-me só e há uma tortura nessa profunda e impenetrável mágoa...
Minha vida é uma sombra...
É uma figura que se debruça numa noite escura no olhar parado de uma poça d'água.

Hoje sinto-me só...
E faz-me mal ficar só, quando a noite está tão calma. . .
Quanta gente infeliz, sentimental, sentirá, com certeza, uma ânsia igualà que eu sinto rondando na minha alma...

Pela janela aberta entra o bafio morno, de um ar que embriaga e que perfuma; vem da sombra um rumor, um murmúrio, talvez, quem sabe? passe adiante um rio...
Mas bem sei que não passa coisa alguma...
Esse rumor que chega aos meus ouvidos que impregna o ar assim, esse rumor,é a canção de mil beijos escondidos, de lábios entreabertos e vencidosque se procuram na ilusão do amor...

Eu sei bem por que sofro e o que eu almejo, minto afirmando que não sei porquê, falta uma boca para o meu desejo, falta um corpo que eu quero e que não vejo,Falta, por que não confessar?...
Você!
(Poema de JG de Araújo Jorge extraído do livro "AMO!". - 1a edição 1938).