sexta-feira, 15 de junho de 2007

Dueto - Outeiro


Dueto
Outeiro.

Miguel Ângelo Ravanini Neto.

Outeiro pobre, nem tem cruzeiro...
As flores não te querem, só há ervas daninhas, as aves te desprezam e em ti não fazem ninho, nesta terra estéril nada germina...

Solitário monte perdido nesta campina, o vento te açoita e o sol te abomina.
A chuva sobre ti é triste como o choro e a lua não te resplandecem, opaco morro.

A terra foi tua madrasta, negou-te o sentido da vida, condenado à solidão, tornou-te vazio...
E o tempo te esquece pobre outeiro!

És para mim o meu espelho, sou como você, solitário eremita, não conheci o amor, só o desprezo, não sinto alegria, meu coração é brita.
Como tu, sou morro e só, morro!
06/06/2007

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Outeiro
Sandra Ravanini

Musicista sonhador enfeita esta tarde em caiação, inspira as desoras sorrateiras, colore o sono grafitando a composição; o mensageiro colono ungirá o horizonte com as notas do diapasão.

Encordoamento de sol amansa a força de teu aço, lá em mim, reverta o tom musicando afora um novo giz, além de si, ensaia aquela uma serenata à luz de Lis numa chuva de cristais desafinando o estilhaço.

Graal de um violão igual à partitura que agora se abre, entardecendo para o céu azul em prece e remissão, luares ouvirão o sonho que te faz ser uma canção onde um outro outeiro brotará a vida de um milagre.

Nômade selenita afina a toada das quimeras e esculpi a pedra mais brilhante ao eremita cantador, transmutando toda ode astral; amor nas mãos do viajor orquestrando uma cantiga, anunciando o fim da espera.
07/06/2007


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