quinta-feira, 5 de julho de 2007

Silêncio

Silêncio
Angélica T. Almstadter

Esse silêncio ensurdecedor me insana; sela meus lábios, amarra minha língua.
Por causa desse vazio calado, mofado minh'alma gelada não me abraça, não sente saudades, não palpita.
Desde que esse silêncio tomou conta dos dias e estabeleceu toque de recolher; minhas palavras desbotaram, minguaram entediadas na boca como a não mais sentir emoção.

Nem um lampejo ou uma faísca distraída, acende a boa e velha fogueira das palavras afoitas e despachadas.
Esse silêncio mortal que caiu como um véu cegou meus olhos que não mais choraram de encantamento ou prazer.
Um silêncio lúgubre calou minha voz, adoeceu a minh'alma sonhadora, enrijeceu meus dedos miúdos que já não desejam desabrochar palavras em poemas ou prosas.

Perdi meu olhar em um ponto escuro no infinito onde jamais amanhece, com os pés fincados no solo árido assisto cansada o passar do tempo...
01-07-07

http://www.recantodasletras.com.br/autores/angell






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