quinta-feira, 5 de julho de 2007

Nem Sempre...

Nem Sempre...
NALDOVELHO

Nem sempre poesia, muitas vezes heresia, enredo que não pode ser desfeito, tramas, teias, dramas, grito espremido no peito, histórias que o tempo fez questão de preservar.

Nem sempre são rosas, muitas vezes espinhos, outras vezes são cortes, fraturas, entorses, sangue coagulado, cicatrizes que ainda doem, feridas que o tempo não foi capaz de curar.

Nem sempre fragrâncias, muitas vezes odores, coisas cheirando a mofo, amareladas, apodrecidas, resto de comida esquecida no forno, coisas que o tempo não deu conta de dissipar.

Nem sempre vitórias, muitas vezes derrotas, descaminhos, estranhos, sem volta, andar desequilibrado pela beira do abismo, escolhas que o tempo deixou você tomar.

Nem sempre o poeta que existe em mim agüenta, muitas vezes ele se ausenta, viaja nas funduras, macera dores, nostalgias, amarguras e depois de algum tempo voltar a sonhar.



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