O Chapim Azul
Aires Plácido
Sempre que vejo um chapim azul, lembro-me da minha infância.
É natural, estranho era se não me recordasse dos chapins, que todos os anos faziam o ninho numa das oliveiras do meu quintal.
Em meados de Março começa a azáfama, acarretavam no bico pequenas partículas de musgos, palhinhas e de tão enamorados apareciam quatro ou cinco ovinhos no ninho.
O buraco era estreito só dava para eu espreitar, olhos nos olhos, eu cheio de curiosidade, e ela, talvez com receio, que eu lhe roubasse o seu tesouro.
Já não está lá a oliveira, mas os chapins ainda lá vão ao quintal.
Gostam de figos, e de ameixas, os marotos escolhem os mais madurinhos.
Os chapins são aves muito afoitas, indiferentes ao que se passa à sua volta procuram nas barbas do hortelão as lagartas que se escondem nas folhas verdes.
Os chapins sabem que eu gosto deles.
Há dias fui ao campo e, passando eu perto duma oliveira, ouvi um chapim a cantar.
Aquela ave tão pequenina e tão amorosa parecia que sabia que eu a adorava.
Aires Plácido
Sempre que vejo um chapim azul, lembro-me da minha infância.
É natural, estranho era se não me recordasse dos chapins, que todos os anos faziam o ninho numa das oliveiras do meu quintal.
Em meados de Março começa a azáfama, acarretavam no bico pequenas partículas de musgos, palhinhas e de tão enamorados apareciam quatro ou cinco ovinhos no ninho.
O buraco era estreito só dava para eu espreitar, olhos nos olhos, eu cheio de curiosidade, e ela, talvez com receio, que eu lhe roubasse o seu tesouro.
Já não está lá a oliveira, mas os chapins ainda lá vão ao quintal.
Gostam de figos, e de ameixas, os marotos escolhem os mais madurinhos.
Os chapins são aves muito afoitas, indiferentes ao que se passa à sua volta procuram nas barbas do hortelão as lagartas que se escondem nas folhas verdes.
Os chapins sabem que eu gosto deles.
Há dias fui ao campo e, passando eu perto duma oliveira, ouvi um chapim a cantar.
Aquela ave tão pequenina e tão amorosa parecia que sabia que eu a adorava.
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