Eu Queria Ser Feliz
NALDOVELHO
Eu queria ser feliz!
Cultivei rosas, crisântemos, jasmins, eu ergui no fundo do quintal um templo e fiz brotar de lá uma nascente:
Águas cristalinas que jorravam sem parar.
Colhi o veneno da mais insidiosa serpente, misturei a ele raios de lua cheia, ervas curtidas, poeira de estrelas, tudo isto num tonel da mais pura aguardente e fiz o antídoto pras dores do desamor.
Eu queria ser feliz!
Espalhei por toda a casa essência de alfazema, pendurei na sala samambaias choronas, lá fora, uma árvore, flanboyan vermelho, e na varanda, confortável espreguiçadeira, só para saudar o tempo que haveria de passar.
Descobri os segredos dos ventos de maio, fiz chover, chuva fina de junho, abriguei anjos perdidos em meu quarto, para que passado o inverno pudessem voar.
Construí castelos de sonhos, seduzi formosa Iara, transformei pedras em valorosos guerreiros, sagrei meu leito com todo o amor que eu pude, espalhei meu sangue, suor, saliva e sêmen para perpetuar minha vida em verdade num tempo que eu não vou ver chegar.
Eu queria ser feliz, era tudo que eu queria!
Mas o amor que eu pude não curou minha inquietude...
Nasci poeta das coisas que sequer sei porque choro.
Ainda assim, valeu a pena tentar.
NALDOVELHO
Eu queria ser feliz!
Cultivei rosas, crisântemos, jasmins, eu ergui no fundo do quintal um templo e fiz brotar de lá uma nascente:
Águas cristalinas que jorravam sem parar.
Colhi o veneno da mais insidiosa serpente, misturei a ele raios de lua cheia, ervas curtidas, poeira de estrelas, tudo isto num tonel da mais pura aguardente e fiz o antídoto pras dores do desamor.
Eu queria ser feliz!
Espalhei por toda a casa essência de alfazema, pendurei na sala samambaias choronas, lá fora, uma árvore, flanboyan vermelho, e na varanda, confortável espreguiçadeira, só para saudar o tempo que haveria de passar.
Descobri os segredos dos ventos de maio, fiz chover, chuva fina de junho, abriguei anjos perdidos em meu quarto, para que passado o inverno pudessem voar.
Construí castelos de sonhos, seduzi formosa Iara, transformei pedras em valorosos guerreiros, sagrei meu leito com todo o amor que eu pude, espalhei meu sangue, suor, saliva e sêmen para perpetuar minha vida em verdade num tempo que eu não vou ver chegar.
Eu queria ser feliz, era tudo que eu queria!
Mas o amor que eu pude não curou minha inquietude...
Nasci poeta das coisas que sequer sei porque choro.
Ainda assim, valeu a pena tentar.
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