sábado, 2 de fevereiro de 2008

Estrangeira


Estrangeira
Pablo Neruda
Te recordo como eras no último outono
Eras a boina cinza e o coração em calma
Em teus olhos pelegavam as chamas do crepúsculo
E as folhas caiam na água de tua alma
Apegada a meus braços como uma trepadeira
As folhas recolhiam tua voz lenta e em calma
Figueira de estupor em que minha sede ardia
Doce jacinto azul torcido sobre minh'alma
Sinto viajar meus olhos e é distante o outono Boina cinza, voz de pássaros e coração de casa
Fazia onde emigravam meus profundos anseios
E caíam meus beijos alegres como brasas
Céu desde um navio, campo desde as serras
Tua recordação é de luz, de fumaça, de tanque em calma!
Mais além de teus olhos ardiam os crepúsculos
Folhas secas de outono giravam em tua alma


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