sábado, 10 de novembro de 2007

Meus Oito anos


Meus Oito anos
Casimiro de Abreu

Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida da minha infância querida que os anos não trazem, mais!
Que amor, que sonhos, que flores, naquelas tardes fagueiras á sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias do despontar da existência!

Respira a alma inocência como perfumes a flor; o mar é — lago sereno, o céu — um manto azulado, o mundo — um sonho dourado, a vida — um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida, que noites de melodia naquela doce alegria, naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas, a terra de aromas cheia, as ondas beijando a areia e a lua beijando o mar!
Oh! Dias da minha infância!

Oh! Meu céu de primavera!
Que doce à vida não era nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora, eu tinha nessas delícias de minha mãe as carícias e beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas, eu ia bem satisfeito, da camisa aberto o peito, pés descalços, braços nus correndo pelas campinas á À roda das cachoeiras, atrás das asas ligeiras das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos ia colher as pitangas, trepava a tirar as mangas, brincava à beira do mar; rezava às Ave-Marias,
achava o céu sempre lindo, adormecia sorrindo e despertava a cantar!

Oh! Que saudades que tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores, naquelas tardes fagueiras á sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais!



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