quarta-feira, 28 de março de 2007

Ternura





Ternura
Vinícius de Moraes.

Eu te peço perdão por te amar de repente
embora o meu amor seja uma velha
canção nos teus ouvidos.
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
bebendo em tua boca o perfume dos
sorrisos das noites que vivi acalentado.

Pela graça indizível dos teus passos eternamente
fugindo trago a doçura dos que aceitam
melancolicamente e posso te dizer que o grande
afeto que te deixo não traz o exaspero das
lágrimas nem a fascinação das promessas nem
as misteriosas palavras dos véus da alma...

É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito
quieta e deixes que as mãos cálidas da
noite encontrem sem fatalidade o
olhar extático da aurora.
























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