quarta-feira, 11 de março de 2009

Castelo dos Sonhos

Castelo dos Sonhos
Marise Ribeiro


Corpo, por que trancaste a alma em tua fria masmorra?
Por que deixaste teus carrascos lhe vedarem a inspiração?
Será que ao tirares seu alimento esperas que ela morra e tu saias vencedor nessa inútil competição?

Ah! Corpo se soubesse a alma que te habita, não a maltratarias com lancinantes dores; se soubesses o quanto com a poesia ela volita, só lhe ofertarias da vida os delicados sabores.

A carne por paixões se contorce e clama, a pele transpira e exala o desejo interno, mas é a alma que, se não quiser, não ama,
o que da essência ela levará para o Eterno.

Por isso, de teus algozes olhos, a alma só quer ver, não o pranto e a destruição da guerra, nem a fome e as doenças que eles não conseguem esconder, mas sim o surgir do amor unindo toda a Terra.

Que tuas frias mãos a façam sentir o toque da ternura, a satisfação de um trabalho completado, a ajuda ao próximo conduzindo-lhe a quentura de se saber quando tu, corpo, fores abraçado.

Que teus dolentes pés não fraquejem e a levantem, quando algum empecilho a fizer desanimar... Junto com a música e com ela dancem os sons das canções que a ajudarão a se enlevar.

Aguça teus moucos ouvidos à melodia da natureza, às vozes que só lhe tragam a verdade, ao “obrigado” respondido a uma gentileza, ao “eu te amo” dito com a boca da sinceridade.

Acorda dos incolores sonhos, a alma adormecida liberta teus carrascos condutores ao sublime e ao belo, porque bens sabes: antes que ela se dê por vencida, deixará, envelhecido e em ruínas, o que já foi o seu castelo.

29/07/06



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